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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sempre viva


No meio do campo, sujo, limpo e finito.
 Eu só pensava em correr com os pés descalços e desvairada de tanta felicidade.
Hó Cruzeiro que ficou para trás, trazendo então o tal real que suava em meus ouvidos, igual a de uma realeza que tocava meu extinto infantil.
 Tinha vontade de ter um real, pelo menos um realzinho, assim me sentiria como uma mocinha.
Pequena garota, grande moça, grande gabação de tal pobreza.
Corre mais, corre mais um pouquinho com sua coroa prateada, vai para o mato descobrir a vida, vai procurar o real perante as pragas vai.
Como gostaria de voltar ao passado, mas já em tão pouco tempo? Mas as pessoas ainda  viviam em estilos diferentes, as festas eram mais emocionantes, as musicas, os sorrisos, era o sabor da época, faz parte....
Saudades das jabuticabeiras ao lado da piscina, dos sapos grandes, das castanheiras cheia de espinhos, aquelas que respeitei, respeitei sim.
O piano era algo para ricos, e não para surreais do dinheiro; o real era para os realistas da sociedade. Sim eu me lembro...Eu estudava em uma escola publica, mas no dia a dia eu convivia com ricos, pobres, e até miseráveis.
Eu não era ninguém para a sociedade, mas para mim eu era muito, eu meu sentia  uma  pequena estrelinha  que  brilhava naquele céu lindo; o céu da grande chácara das Palmas no Bairro Furllan.
Todos gargalhavam cuspindo em minha cara, dizendo que eu nunca poderia ser alguém, quase acreditei, mas não dei ouvidos.
 Uma noite meu profeta soprou em meus ouvidos contando um pouquinhos dos prazeres futuros que meu destino me proporcionaria.
Todos na época diziam e até hoje, declamam.
Dizem que piano é para pessoas ricas, no passado eu aceitava essa opinião, que não me agregava em nada.
 A filha da patroa da minha mãe ia duas vezes por semana para suas aulas de piano, com a professora Alessandra naquela casinha branca estilo mediterrâneo, que me encantava, eu não tinha dinheiro para as aulas, mas tinha pernas e boa saúde para acompanhar ela para as suas aulas.
Fica sentadinha escutando elas tocarem, não sabia das obras, mas aquilo suava nos meus ouvidos como um futuro clássico e digno vivido no agora.
Hoje vivendo ainda no Real continuo com a coroa prateada, mas com o coração em brasas de ouro, sabendo que aquela curiosidade do passado me despertou tanta cultura e alma cheia de vida. E Já não acredito mais naquela cruzada do passado onde disseram que piano era coisa de rico, basta você ter a alma cheia de vontade da vida, que mais tarde ela será desperta.
Naquela época, me lembro muito bem quando  me perdia nos campos chamando a boiada com meu memoriável, eterno e inesquecível seu Sebastião, ficava sozinha no meio do mato e me encantava por uma florzinha que via perdida dentre as pragas, eram florzinhas das cores, amarelas, rosas e brancas, eram sequinhas lindas, diferente de tudo que houvera visto naquele mato, eu me perdia com sentimentos estranhos, eu era uma criança de 6 anos, que andava descalça, e me perdia nos pomares e matos, não tinha medo de cobras, escorpiões e aranhas.
Meu medo e horror moderno é de fato de pessoas com índoles macabras, que vivem mamando nas carótidas alheia.
Mas na minha memoria, aquela flor jamais desapareceu, sempre me perguntava:
Meu Deus, como se chama aquela florzinha que tanto amava, jamais soube o nome, isso era triste.
mas ela sempre permaneceu na minha alma, e conto mais....
Em São Paulo em um momento de mudança do ciclo da minha vida, onde estava aceitando a deixar a tristeza para trás, fui longe bem longe com uma amiga arquiteta "Flavia" fui caminhando em meio as flores e de repente me deparei com ela, ela mesmo, ela que fizera parte da minha tão amada infância ela que era isolada em meu cortex, ela mesmo !! Aquelas flores....
O nome dela foi descoberto naquele inverno paulista, destemida flor linda cheia de lembranças e saudades, a Sempre Viva.
Ela nunca morreu, estava a minha espera, ela nunca me decepcionou.
E a descoberta mais viva que tive é que ela nunca morre, ela se mantem como ela é.
Foi a mudança de fase que vivi naquele momento, e veio ela me dizer, que sou cada dia mais viva, sou eu a Sempre Viva, de carne e alma.
Lembranças sem fim. 

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